Conscientização para o combate ao Assédio Moral e Sexual
Antes se tornarem problemas jurídicos e de saúde, assédio moral e assédio sexual são problemas de falta de cidadania, conduta ética e de educação..
Conscientização para
o combate ao Assédio Moral e Sexual
Ainda temos um longo caminho para sanar estes graves problemas nas empresas e na sociedade como um todo.
Sempre que nos referimos ao ambiente corporativo e as
organizações, em geral, o assunto é produtividade, desempenho, metas
financeiras, redução de custo, expansão de negócios, e por ai vai, pouco se
fala em práticas efetivas para eliminar o assédio moral e sexual, e muito menos
se fala em resultados efetivos na redução destas práticas, primeiro porque não
se mede estes dados e nem os resultados nefastos que eles provocam para as
vítimas e para a empresa, segundo porque as condutas praticadas dentro das
empresas espelham as condutas sociais e, quando nos referimos a nossa sociedade
não é difícil perceber uma sociedade ainda machista, preconceituosa,
discriminatória e violenta.
Em outubro de 2017 o jornal Folha de São Paulo publicou uma
matéria divulgando os dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, os dados são estarrecedores, no ano de 2016 foram notificados 49.497
casos de estupro no Brasil, média de 135 por dia, ainda entre as mulheres foram
registrados 4657 assassinatos, 533 deles
foram classificados como feminicídio, dados obtidos pela Folha de São Paulo do
Ministério da Saúde aponta que em 2011 foram registrados 1570 estupros
coletivos, em 2016 foram 3526, uma média
de 10 estupros coletivos por dia, tudo
isso sem contar os casos de subnotificação em que as vítimas não denunciam os agressores, e pior, nos
últimos 5 anos todos estes números vêm aumentado.
Toda esta violência é praticada por uma pequena parte da
sociedade, mas temos um problema cultural sério, a faceta de uma sociedade que
segue passiva com relação a estes dados impressionantes.
No ambiente de trabalho a situação é também crítica,
pesquisa realizada com os seus usuários pela consultoria Vagas.com e publicada pela BBC Brasil demonstra uma
realidade de causar espanto, dos 4975 profissionais pesquisados, 52% disseram
já ter sofrido assédio moral ou sexual, dos que não sofreram a agressão, 34%
disseram já ter presenciado algum tipo de abuso, são dados bastante
preocupantes, principalmente por se tratar de um ambiente com objetivos
específicos, estruturado, setorizado, e em muitos casos com departamentos de
recursos humanos, jurídicos e de serviços sociais.
Porque nossas empresas estão permitindo e agindo de forma
tão passiva com relação a estas práticas?
O Assédio moral e sexual provoca sérios danos à saúde física
e mental das vítimas, além de ferir a sua dignidade enquanto ser humano, infelizmente
a grande maioria das vítimas não faz a denúncia das agressões, mas este quadro
está mudando, o número de denúncias e processos jurídicos contra os agressores
e empresas vem aumentando dia a dia, no noticiário nacional e internacional
mulheres estão tomando coragem e vindo a público denunciar casos de assédio que
sofreram.
As denúncias estão aumento, mas ainda temos um longo caminho
para eliminar estas práticas.
Antes de se tornar um problema de saúde e um problema
jurídico, o assédio moral e sexual são essencialmente problemas de conduta, é
uma questão de educação, é um problema ético e moral.
Para as empresas acabarem com este mal, muitos esforços são
necessários, ter clareza e tomar consciência
da gravidade destes problemas, ter vontade e determinação para resolve-los,
criar sistemas de Compliance, ou análogo a ele, com regras claras de conduta
ética, canais de denúncia seguros e bem estruturados, e por fim, realizar um grande trabalho de mobilização na empresa
como um todo, criar um programa de educação e de conscientização continuado,
esta é uma etapa chave, e claro, contar com amplo apoio da diretoria, do setor
jurídico e do RH.
Não é um processo simples, sabemos disso, mas se queremos
uma sociedade mais digna e justa não podemos medir esforços para enfrentar estes
problemas.
Silvio Garcia
Diretor CCT
Consultoria
São José do Rio Preto, 8 de janeiro de 2018.
Fontes e Links de apoio:
http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/2015/06/1642374-metade-dos-brasileiros-ja-sofreu-assedio-no-trabalho-aponta-pesquisa.shtml